domingo, 13 de janeiro de 2008

House of Nanking



Estive em San Francisco no fim do ano e para variar, me apaixonei de novo pela cidade. SF tem um ar de cidade do interior, com todos os perks de uma metrópole. Tudo é perto, o transporte é fácil e barato, há uma profusão de tudo o que é estrangeiro, principalmente uma mistura asiática grande, como normalmente não se vê nos EUA.

A viagem foi agradável como sempre, conheci pessoas interessantíssimas, mas realmente tenho que mencionar o House of Nanking, considerado um dos melhores restaurantes da cidade, apesar do ambiente pitoresco. Chegamos no restaurante e havia uma fila na porta (o que eu já esperava, pois uma amiga havia me prevenido). A fila andou muito rápido, em 10-15 minutos estávamos acomodadas. O lugar é relativamente escuro, familiar, com a mistura característica dos lugares roots que caem no gosto dos mais modernos. Meio barulhento, com gente ao lado tendo discussões acaloradas sobre Web 2.0 (bem-vindo à bay area), famílias de orientais, de um tudo.

Pedimos um tofu crocante com pea shoots (preciso descobrir qual é a tradução disso, são uns brotos verdes, uma coisa entre um broto de feijão e um de alfafa, mas mais verde e suculento) e um frango DELICIOSO meio picante... ótimo. Infelizmente eu perdi a minha câmera fotográfica, nao podendo colocar aqui as fotos que tirei, mas realmente valeu a pena. Os preços também não foram salgados, a 20USD por pessoa, incluindo a cerveja e a gorjeta de 20%.

Tenho que voltar. E trazer fotos, desta vez.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Buenas Pizzas




Bom, há controvérsias, e longe de mim ficar colocando o dedo (yuck!) na pizza alheia, mas não acho as pizzas de Buenos Aires boas no geral. Elas podem ser de dois tipos: a la piedra(massa fina) ou al molde (massa grossa) e tendem a não ter muita graça. Uma coisa meio assim, de presunto com pimentão (não gosto de presunto em pizza), de umas coisas chatas, comidas com fainá (que é uma massa feita com farinha de grão de bico e óleo, assada, que se come fria junto com a pizza - essta eu tb nunca entendi).

Entretanto, existe um lugar em que você simplesmente come uma pizza DE-LI-CI-O-SA, pra quem gosta de pizza grossa... O Palacio de la Pizza fica na Calle Corrientes, perto dos teatros, e é uma tradição de quem trabalha no centro. Na hora do almoço, o enorme salão fica ensurdecedor, cheio de gente... os garçons são old school, te trazem o pedido sem anotar, arremessam os talheres na sua mesa e se bobear, a tampa da garrafa de refrigerante no seu pé. Apesar disso, vale a pena. Digo vale a pena com todas as letras... A napolitana de masa al molde, um arraso... cheia de mussarela e tomate, coberta com parmesão (uns 25 pesos, a média). A de aliche tb é uma coisa do outro mundo, mas a padrão de aliche deles vem sem mussarela, então, se você é dos meus e acredita que pizza sem mussarela não é pizza, peça à parte.

Infelizmente, sempre eu eu vou até lá, me esqueço de tirar a foto. Pelo menos dessa vez deu pra ter uma idéia do que se tratava.

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Must-haves de Buenos Aires 2

Cheesecake não é pra todo mundo. Tem gente que acha uma sobremesa boba, especialmente em um país como o Brasil, que ama chocolate e tem pouca paciência com bolo de queijo, especialmente fora de Minas Gerais.

Um dos aspectos que realmente valorizo em qualquer restaurante, bar of afim é a consistência dos produtos. Sou um ser de hábitos e como tal, nada me irrita mais que ir a um lugar previamente delicioso que está uma porcaria. Pouco me interessa o motivo.


Convenhamos que em termos de consistência, o Mc Donalds é o cara! Eles conseguem ter o mesmo cheiro em todos os lugares do mundo (ok, ok, menos em alguns Mcs porcos imundos em NYC e outros lugares dos EUA, onde a coisa já descambou mesmo). E eles tem um cheesecake na Argentina que é de comer ajoelhado. Simplesmente é cremoso, alto, gostoso, com uma calda incrível e CON-SIS-TEN-TE!!!! Isso mesmo, amigos! Todo dia é igual! Fantástico.

Hard Rock Cafe - Buenos Aires

O museu de arte moderna de Buenos Aires (MALBA) abrigou recentemente duas exposições interessantes, uma do Volpi, com várias obras e uma retrospectiva interessante do pintor, e outra do La Chapelle, fotógrafo/diretor de clipes/queridinho de celebs e do mundo publicitário. Lá fomos nós (mi hermana y yo) ver a exposição, que se mostrou interessante, mas com poucas obras (principalmente o LaChapelle). Na saída, eu estava alucinada pra comprar umas Lomos (máquinas russas queridinhas do povo mudérno, que não são lá muito fáceis de se achar), mas fecharam a porta do lojinha da museu na nossa cara, para meu desespero e promessa de que voltaríamos no dia seguinte. Lógico que levamos uns dois ou três dias pra voltar e eu já comprei duas (link do roteiro do da balada de compra das Lomos), porque, afinal, Lomos existem para ser amadas…

Saindo do museu, passeamos um pouco pelas ruas de Buenos e decidimos comer em algum lugar próximo… depois das nossas lombrigas conversarem, decidimos ir ao Hard Rock Cafe – sim, sim… é piegas, mas serve uns hambúrgueres mighty – e chegamos lá apavoradas de fome.

Descobrimos também que na Argentina, nem o Hard Rock funciona. Eles treinam os garçons pra atenderem rápido, que entendem errado e ficam fazendo uma pressão sem tamanho em cima de você. A menina quase teve que ser morta a pedradas, de tão chata que ela foi para que fizéssemos o pedido.

Pedimos uma porção de nachos (admito, eu coloquei lenha na fogueira), que se mostrou impressionante. Veio quente, cheirosa e linda. Feijões vermelhos e tudo mais… delícia.

Depois, eu pedi umas fajitas e a Bobbita pediu um sanduíche de carne de porco desfiada. Admito que a cara do bicho tava ótima no cardápio, mas quando chegou à mesa, estava seco e sem muito gosto. Bobbita não se deixou abater e comeu bonitinha.

Minhas fajitas vieram em uma porção gigantesca, que serviria duas pessoas facilmente. Sobrou comida (e olha que eu não sou de negar fogo…). Mas estava muito boa. Mudaria talvez o tempero do guacamole, mas isso é bem pessoal. A carne estava macia, veio em uma chapa quente, com cebolas e pimentões... realmente apetitosa.

Enfim, comemos, comemos e depois tivemos que pegar um táxi pra balada, porque ninguém conseguia se movimentar direito. Ainda bem que conhecíamos as donas do bar, assim não deu vergonha de pedir um Eno básico...

domingo, 20 de maio de 2007

Retiro do pescador

Algumas cidades possuem tradições culinárias, o que não é o caso de Brasília. Eu vivi lá. Há 15 anos, não havia rúcula no mercado. Obviamente, com o avanço dos transportes, e da própria cidade, as coisas mudaram bastante. Hoje a cidade possui várias opções de restaurantes e bares, que ainda pecam pelo serviço, muitas vezes lento e irritantemente amador, mas algumas coisas compensam. Uma delas é a comina nordestina em geral. Em Brasília é possível encontrar restaurantes (até pequenas cadeias) que servem uma competente comida nordestina, principalmente carne de sol. Outro destaque é a comida baiana, aqui bem representada pelo Retiro do Pescador.

O restaurante fica à beira do Lago, em um lugar simples, porém agradável. O lugar tende a ser um pouco barulhento, mais pela construção em si do que por qualquer outra coisa. No dia em questão, havia nada menos que uma festa com DJ, palco e música EN-SUR-DE-CE-DO-RA para irritar quem estivesse comendo. Aparentemente, o restaurante não tinha nada a ver com o problema, a música ou o DJ, o que não impediu várias pessoas de irem embora. Eu não. Permanecemos impávidos, porque esperávamos a estrela do dia: a moqueca de siri.

Essa é um caso à parte. A porção serve generosamente 3 pessoas e acompanha arroz, farofa de dendê e pirão (ainda vou escrever um post sobre a inutilidade do pirão, que normalmente é uma pasta marrom que não tem gosto absolutamente de nada). Éramos 7 pessoas -boas de garfo- e pedimos uma moqueca e meia de siri e uma de camarão (meus sobrinhos são alérgicos a siri). Pedimos ainda uma porção de vatapá. As moquecas chegam fumegando em panelas de barro, espalhando aquele cheiro incrível e atiçando a lombriga da galera. O vatapá decepcionou um pouco, meio mole demais, um pouco oleoso além da conta. A moqueca, divina. Eles servem uma pimenta forte, porém bastante aromática, que parece ter nascido pra ela.

A moqueca de camarão também estava boa, com camarões grandes, mas não se comparava à de siri.

Depois de comermos, tivemos que sair correndo para fugir da música. Afinal, agora ninguém mais tinha fome (nem uns 30% da capacidade auditiva, que deve ter sido perdida com o barulho).

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Vico D'o Scugnizzo

Eu e o JPLegat, esformeados em uma noite escura, andando em Sampa. não tinhamos a mínima idéia de onde ir, quando ele, sabiamente, provavemente porque analisava a minha cara, prestes a surtar de fome, sugeriu irmos a um restaurantinho que ele conhecia, meio em um beco, embaixo do viadutinho da Arthur de Azevedo, antes de cruzar a Henrique Schaumann. tenho que dizer que me surpreendi com o lugar. Realmente o restaurante tem uma entrada pequena, mas se parece adoravelmente com uma ruella italiana, com portas, cartazes e placas charmosas espalhados por um caminho de paralelepípedos (que eu tive que enfrentar bravamente em saltos finos).

Quando chegamos ao restaurante per se, fiquei encantada. Uma cantina linda, com direito a coisinhas verdes, vermelhas e brancas penduradas, mas vazia, com apenas nós e mais um casal - isto, segundo JP, consultor especial para assuntos gastronômicos, sentimentais e afins, é uma surpresa, porque normalmente o povo canta, dança e sapateia - com direito a um pianista tocando clássicos digestivos, com arranjos agradáveis e volume idem. O lugar realmente me agradou muito, um misto de casa de interior, com garçons que parecem estar la desde sempre (tenho uma queda por eles, acho uma belezinha...).

Estávamos in the mood for comfort food, então pedimos uma salada com mix de folhas verdes, pera, nozes e um molho simplesmente INCRÍVEL quente à base de roquefort. Depois veio um spaghettinho com almondega (escrevo almondega porque realmente veio uma só, mas grandona), como aquelas da avó, com pão misturado para dar liga an carne. A almondega deixou a desejar, mas o spaghetti estava al dente, delicinha.

quinta-feira, 29 de março de 2007

Te Mataré Ramirez


Já tinha ouvido falar do Te Mataré Ramirez, um restaurante afrodisíaco de razoável renome em Buenos Aires. Numa quarta-feira de tédio, após oitocentos e vinte e cinco dias de filé de merluza com purê, eu e Bobbita resolvemos nos aventurar por esse mundo oculto... Liguei para o lugar e me disseram que ainda conseguiriam reservar uma mesa.

Chegamos ao lugar e realmente estava cheio. Uma agradabilíssima surpresa foi o serviço, especialmente quando se leva em conta o panorama geral do serviço dos restaurantes argentinos, que é bastante baixo. Durante todo o tempo em que estivemos lá, não nos sentimos deixadas de lado por um momento.

O restaurante tem um atmosfera... erótica. Não tem como expressar em outra palavra. Luz baixa, praticamente só das velas das mesas. Quando você entra, leva um certo tempo para se acostumar à luminosidade. Mesas de dois lugares. Praticamente só casais. Música ambiente de bom gosto: bossa, lounge... O cardápio apresenta ilustrações pra lá de quentes, com textos de Isabel Allende.

Nos sentamos em uma mesa para duas pessoas, eu em um sofá de veludo vermelho
e a bobbita em frente. na mesa, a programação do mês, que inclui shows sexo explícito de marionetes (esse foi hoje), tarot do amor, noites de jazz, música francesa, até aulas de strip dance para mulheres, oficinas de jogos eróticos... de um tudo. O show de marionetes eróticos não é só erótico... é uma gemeção que chega a abalar os nervos dos mais desavisados. Benzadeus. Mas é engraçado. Pra quem não se abala e consegue ver a graça da coisa.


Pedimos um malbec Finca los Alamos e para entrada um prato chamado Tu tormenta viril obriga a mi boca sorprendida, que consistia em trufas de coelho e gengibre envolvidas em massa filo e salpicadas com gergelim e pacotinhos de bacon tostado envolvendo queijo de cabra, com concassê de tomate e coentro. Realmente o concassê passou longe, mas o prato estava delicioso. O bolinho de coelho com massa filo estava dalicioso, suave, contrastando com o sabol do bacon com queijo de cabra, que também estava sequinho e crocante. Ainda veio um umeboshi (ou algo do gênero, porque estava tao escuro que esses pequenos detalhes passam meio despercebidos.


Para o prato principal, fui na sugestão da Bobbi, que já tinha ido ao restaurante, e pedi Me entregué a un goce deliciosamente vulgar, que era um tagliatelle meio oriental, salteado com legumes e molho oriental, acompanhado de rolls de salmão e pimentões. A apresentação do prato foi interessante, pois o tagliatelle veio em uma cesta crocante de parmesão, uma coisa deliciosa, apesar de se sobrepor levemente ao prato, que tem um sabor mais delicado. O tagliatelle estava no ponto, os legumes também... uma delícia... os rolinhos de salmão, por sua vez, ficaram meio perdidos. Vieram empanados, perdidos ao lado da cesta e ninguém sabia direito o que eles foram fazer aí. Mas no geral, o prato foi bastante satisfatório. A apresentação poderia ser melhor, mas também no escuro, com aquele monte de gente no foreplay, sei lá se importa tanto. O casal do lado também pediu pratos bonitos, informa a pequena bisbilhoteira da Estrela. Para sobremesa, eu pedi um tiramisu com peras ao malbec, que poderiam estar menos doces, e a Bobbi pediu profiteroles, que não estavam incríveis, mas tudo bem. O restante estava mais que satisfatório.

Em suma, vale a pena. Chicks will love it. Custa mais caro que a média (gastamos 200 pesos em duas pessoas, com vinho mediano, entrada, prato principal, sobremesa e água), mas ainda é barato para padrões paulistanos. E não leve a sua avó. Ela pode não achar tanta graça.

Te Mataré Ramirez
Paraguay 4062, Buenos Aires
54-11-4831-9156
www.tematareramirez.com